domingo, 14 de setembro de 2008

Exclusivo!! Resenha da Controvérsia!! (hahaha)



Atenção!!

Tenho em primeira mão a resenha que sairá na Controvérsia de outubro (hahaha).
Aproveitem...

Existem filmes que marcam e mudam um gênero. Wall-E (EUA, 2008) não representa apenas um novo rumo na estética das animações, mas também mostra que obras “feitas para crianças” podem encantar e emocionar como poucas “feitas para adultos” conseguem.

A Pixar, extensão da Disney para a produção de longas animados, mostra que é o estúdio que mais ama o que faz. Toy Story, Monstros S.A., Procurando Nemo e outros estão aí para comprovar. Wall-E, entretanto, é um passo além de todo o sucesso e crítica alcançado pelos filmes anteriores da produtora. É um triunfo cinematográfico, uma experiência fílmica única. Méritos totais para o diretor Andrew Stanton.

A história é uma crítica aberta a toda megalomania humana. Estamos em 2100 aproximadamente. A Terra se tornou inabitável graças a todo o lixo acumulado por décadas a fio. Como a vida no planeta se tornou impossível, os seres humanos partiram para uma viagem de cinco anos pelo espaço em naves-colônias gigantescas, deixando milhões de robôs com a missão de limpar o planeta. Após 700 anos, o lixo ainda está todo lá, e apenas um robô continua fazendo seu trabalho: o enferrujado Wall-E.

O personagem-título é um capítulo à parte. Wall-E tem como única companhia uma barata de estimação. É devotado fiel de seu trabalho, mesmo com montanhas descomunais de lixo para compactar; mora em um caminhão-baú onde coleciona inúmeros apetrechos e bugigangas humanas que encontra durante sua jornada de trabalho (lâmpadas, garfos, isqueiros) e sempre assiste, quando chega em casa, uma velha fita VHS do musical Alô, Dolly! (filme de 1969).

A apresentação da história ao público é um dos acertos estéticos mais criativos e engenhosos do cinema nos últimos tempos: a primeira metade do filme não apresenta diálogos. E é aqui que a construção do personagem mostra-se impecável. Wall-E é um palhaço mudo, como Buster Keaton ou Charles Chaplin. Ele não precisa de palavras (aliás, o único som que emite é o próprio nome) para cativar o público. A forma metódica que leva a vida (compactar lixo-casa) faz com que o pequeno robô, de alguma forma, crie um sentimento de solidão, de vazio não preenchido.

Sua vida sofre uma reviravolta quando Eva (note a óbvia referência bíblica), uma robô-sonda que busca encontrar vestígios de vida em desenvolvimento, desembarca no planeta. Tem-se início, após uma acidental descoberta do protagonista, uma aventura romântica entre os dois pequenos robôs para que a vida se torne viável mais uma vez na Terra.

Liderados por Roger Deakins, um dos fotógrafos mais respeitados do cinema americano, a equipe de animação constrói um visual impressionante, com dois ambientes diferentes ao longo do filme, ambos extremamente verossímeis. Primeiro, o planeta devastado pelo lixo é mostrado em tons de terra e ferrugem, dando a impressão sufocante de desolação necessária. Depois, dentro da nave-colônia, têm-se um ambiente limpo e iluminado.

Stanton ousou e acertou. Fez uma crítica feroz à displicência humana com a própria vida e com o planeta e não teve medo de nos mostrar através de caricaturas (todos os que vivem nas naves-colônias são obesos mórbidos e não fazem absolutamente nada sem que robôs os ajudem). E, o mais genial, mostrou dois já célebres personagens, mais humanos do que os próprios seres humanos. Wall-E nos mostra que, apesar de tudo, ainda é possível acreditar na vida e no amor.

2 comentários:

Camila disse...

Thiago,
Gostei muito da sua resenha!
Vamos faturar trilhões com a nossa revista! hahahaha...

Parabéns pelo texto, meu querido!
Está bem escrito e agradável de ler!

Beijos da Camilete!

Fernando A. Medeiros disse...

Cara, não sei o que é genial... Se a resenha ou se o filme. A resenha eu li, digo que está "crème de la crème"... Agora, o filme... tenho que ver na minha locadora Charada.